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domingo, 23 de janeiro de 2011

ANAMORFOSE

ANAMORFOSE

Procurei-te Eleonora
Como um simples humano procura a árvore.
Mas que espanto e surpresa!
Tive de cobrir o rosto com a cinza do arranha-céu
E interrogar o hieroglifo da esfinge.

Magnólia cálida
Noite da aurora
Eleonora
Assim fiquei à tua espera
Em pé no monumento de areia
- Meu próprio coração absurdo.
O vento atirava largos véus
Nas constelações de perfil.

Surgiste
Ai de mim!
Dama da Inquisição
Envolta numa camisola de nuvens
Anunciando meu exílio
Antes que os cães da tua febre
Devorem meu corpo
Ao primeiro aceno da manhã.

(Murilo Mendes)